7.3.06

Considerações sobre o Oscar

- Filmes medíocres já ganharam o Oscar. Basta olhar nos últimos anos para vermos "Shakespeare Apaixonado" ou "Gladiador" entre os vencedores. Mas eu nunca havia visto uma edição do Oscar em que um dos piores filmes do ano tenha ganhado o prêmio de melhor filme. Talvez até o pior, se desconsiderarmos cafés-com-leite como os "Vovó...zona 2" da vida.

- "Crash" é banal e nojento. Banal porque nada mais é do qe a repetição de um esquema (o policial bolina a negra e depois tem a internação do pai recusada por uma negra; o árabe sofre preconceito do branco e depois desconta no latino). Essa é a profundidade psicológica de "Crash". Eu teria vergonha de apresentar um roteiro desses como trabalho final de um cursinho "writing for dummies". Nojento porque, ao segmentar seus personagens em categorias, o roteirista/diretor cai extamente nos preconceitos que ele aparentemente pretende ser contra.

- Faltou ver "Munique" e "Capote", mas tanto "Brokeback Mountain" quanto "Boa Noite e Boa Sorte" seriam vencedores dignos da noite. Os dois são cinema de verdade, histórias bem contadas. Muito se falou de que "Brokeback" ia ganhar porque era um filme gay, mas isso era um simplismo muito do injusto. "Brokeback" é um filme sobre um amor cheio de obstáculos. O melhor desde "Moulin Rouge". E "Boa Noite" é um filme um filme redondinho, todo na medida certa. Pode parecer bobagem, mas o que mais tem por aí são excessos. Tente se lembrar do último bom filme de 90 minutos que você viu no cinema?

- Agora, só não digo que estes ativistas gays chupam porque eles chupam mesmo. A derrota de Brokeback representa apenas que a Academia joga pelos interesses dela. Era muito mais interessante pra indústria premiar um filme deles, feito por um garoto prodígio deles, do que consagrar um filme feito por gente de fora. Fiquei surpreso com o prêmio, mas não era tão inesperado assim. Agora, vir com este papo de que "Brokeback" perdeu porque era um filme gay... ah, peralá, isso é desculpa de perdedor. Só não digo "pau no cu destes ativistas" porque... ah, deixa pra lá.

- Eu dormi na metade. Mas gostei do tal Jon apresentando. Não chega a ser um Steve Martin, mas dá de dez no mala do Chris Rock.

- Se eu tivesse que escolher alguém de Hollywood pra ser meu amigo, não teria dúvidas em apontar George Clooney. Ele é boa-praça e muito irônico. A melhor tirada da noite foi dele, ao receber o Oscar de ator coadjuvante ("isso quer dizer que eu não vou ganhar o de melhor diretor"). E a melhor resposta de entrevista antes da cerimônia também foi dele (quando perguntado se aceitaria um papel gay, ele respondeu "Mas eu já fiz um, o Batman".). Isso sem contar o tanto de mulher que o cara não ia me apresentar...

- Participei de dois bolões. Um valia dinheiro e outro não. Ganhei um deles. Adivinha qual? Bleh.

1 comentário:

Pablo disse...

Eu gostei de Crash, mas eu também acho que eu to muito mais pra um membro da "massa burra" do que pra um crítico de cinema. Eu simplesmente gosto de sentar ali e esperar um filme que me faca raiva, ou rir ou chorar.

Mas temo que divisão dos personagens em classes não tenha sido uma escolha do diretor, mas um retrato fiel da realidade estadunidense. E um tapa na cara de qualquer cidadão que não queira enxergar isto.