Assistindo ao show do U2 agora na Globo, cheguei a uma conclusão: a diferença dos Rolling Stones pro U2 é a mesma do Romário pro Ronaldinho.
Interprete como desejar.
20.2.06
It's only rock n'roll (but i like it)
Eu não gostei sempre dos Rolling Stones. Na infância, colocava uma fita dos Beatles no som, usava uma vassoura como guitarra e brincava de ser rock star. Influência de um pai que amava os Beatles, mas só achava os Rolling Stones uma bandinha legal. Quando os pentelhos começaram a surgir, gostar da mesma banda que o pai era anti-rebelde demais. Veio então a busca por coisas contemporâneas, o Black Album do Metallica (que abriu as portas do metal), o Nevermind do Nirvana (e o grunge, que me faria idolatrar o Pearl Jam anos depois) e o show do Guns no Rock in Rio II (onde eu vi o que era realmente uma banda de rock em um palco). Os Stones só vieram mesmo em 1995, quando a mídia caiu em cima por causa da primeira apresentação deles no Brasil. Uma coisa bem Jack-Johnson-fan. Mas foi a partir das inúmeras vinhetas na TV com o riff de Satisfaction que surgiu depois o interesse em conhecer a banda. Foi graças a isso que que, anos mais tarde, procurei o Beggar's Banquet, o Exile on Main Street, e passei a realmente pagar pau pros Stones.
Por isso, não reclamo de ter assistido ao show dos Stones em Copacabana cercado por uma galera que só sabia cantar trechos de Satisfaction e Start me Up. Tudo bem que a maioria ali foi só porque era de graça. Mas... foda-se. Foi bonito pra cacete ver depois pela TV as imagens de mais de um quilômetro de praia cheios de gente. Eles ajudaram nisso, pelo menos. Alguns deles saíram da praia e foram direto pro Emule baixar outras coisas. Isso já é suficiente. Deixo as reclamações pros fãs mais exigentes (ou chatos, como preferirem).
Não reclamo também do garoto de Porto Alegre que pegou um dia de estrada, mas tomou um porre e passou o show todo desmaiado e me fazendo a todo momento olhar pro chão pra ver se não estava pisando nele. Ele mandou mal, é verdade, mas antes isso do que preferir ver o show no sofazão de casa comendo uma pizza. Imagine quantas vezes o Keith Richards não fez isso aos seus vinte e poucos anos? Quer dizer, o Keith ainda faz isso, com mais de 60. It's only rock n'roll.
Mas o que mais me marcou no show foi aquele senhor que não parava de rebolar. Que cantava (e como) sem perder o fôlego por um instante sequer (se acha isso pouco, repare na voz dos vocalistas de hoje a partir da quinta música). E que fazia mais de um milhão de pessoas pular e cantar (ou tentar) com ele. Pra mim Mick Jagger sempre foi apenas um ícone. Nunca um cara. Nenhuma pessoa de verdade canta em uma megabanda de rock, se droga e come mulheres a rodo por quarenta anos. Mas sábado eu o vi ali, na minha frente. Ele existe. Depois de sábado, ele foi adicionado à minha humilde listinha de ídolos. Desculpe a demora, Mick.
P.S.: Grito da galera nos intervalos entre as músicas: "Ei, área vip, vai tomar no cu!". Muito apropriado.
P.S.2: Faltaram "Gimmie Shelter", "Paint it Black" e "Like a Rolling Stone". Difícil encaixar tanto hit em duas horas.
Por isso, não reclamo de ter assistido ao show dos Stones em Copacabana cercado por uma galera que só sabia cantar trechos de Satisfaction e Start me Up. Tudo bem que a maioria ali foi só porque era de graça. Mas... foda-se. Foi bonito pra cacete ver depois pela TV as imagens de mais de um quilômetro de praia cheios de gente. Eles ajudaram nisso, pelo menos. Alguns deles saíram da praia e foram direto pro Emule baixar outras coisas. Isso já é suficiente. Deixo as reclamações pros fãs mais exigentes (ou chatos, como preferirem).
Não reclamo também do garoto de Porto Alegre que pegou um dia de estrada, mas tomou um porre e passou o show todo desmaiado e me fazendo a todo momento olhar pro chão pra ver se não estava pisando nele. Ele mandou mal, é verdade, mas antes isso do que preferir ver o show no sofazão de casa comendo uma pizza. Imagine quantas vezes o Keith Richards não fez isso aos seus vinte e poucos anos? Quer dizer, o Keith ainda faz isso, com mais de 60. It's only rock n'roll.
Mas o que mais me marcou no show foi aquele senhor que não parava de rebolar. Que cantava (e como) sem perder o fôlego por um instante sequer (se acha isso pouco, repare na voz dos vocalistas de hoje a partir da quinta música). E que fazia mais de um milhão de pessoas pular e cantar (ou tentar) com ele. Pra mim Mick Jagger sempre foi apenas um ícone. Nunca um cara. Nenhuma pessoa de verdade canta em uma megabanda de rock, se droga e come mulheres a rodo por quarenta anos. Mas sábado eu o vi ali, na minha frente. Ele existe. Depois de sábado, ele foi adicionado à minha humilde listinha de ídolos. Desculpe a demora, Mick.
P.S.: Grito da galera nos intervalos entre as músicas: "Ei, área vip, vai tomar no cu!". Muito apropriado.
P.S.2: Faltaram "Gimmie Shelter", "Paint it Black" e "Like a Rolling Stone". Difícil encaixar tanto hit em duas horas.
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